Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua

quinta-feira, 24 de março de 2011

Religião

Faz tempo que não frequento nenhum tipo de encontro religioso.
Já fui católico, não um daqueles que se diz católico e mal vai a igreja, eu era o verdadeiro Católico Apostólico Romano, o que frequentava a igreja todos os sábados e domingos, e até mesmo durante a semana. Frequentava grupos de jovens, retiros, procissões e novenas. Foi muito bom esse tempo, eu viva em paz, não tinha grandes problemas. Me sentia bem dentro da igreja ajudando a limpar, fazendo as leituras ou até mesmo batendo um papo com o padre ou secretário. O tempo foi passando e eu percebi que eu estava em uma religião que não me aceitava, uma religião que acreditava numa vida que era totalmente diferente da que eu buscava. Foi então que eu conheci o "candomblé", entre aspas porque o que conheci na verdade era um misto de Candomblé, Kimbanda e o tão tradicional Batuque do RS. Me apaixonei a primeira vista, achei lindo o ritual, linda a fé das pessoas, lindas as rezas( que eu não entendia nada e continuo sem entender), tudo muito diferente da igreja católica. Isso fez com que eu frequentasse o "Candomblé" e a igreja católica paralelamente. Passei uns 6 meses indo a terreiro de Candomblé e a igreja católica. Larguei a igreja. Percebi que ali definitivamente não era meu lugar.
Logo, começou uma nova fase na minha vida, a mais dificil porém mais bonita. Comecei a ler sobre as chamadas religiões afros. Li muito até criar coragem para visitar outros terreiros. No inicio, tudo muito novo. Acreditava em tudo. Era um universo totalmente diferente do que estava acostumado, quanto mais eu lia mais interesse eu tinha(e tenho). Hoje eu sei muito bem diferenciar as religiões afro que, injustamente, são alvo de tanto preconceito. Sei bem que na Kimbanda  há sacrificio de animais, que o candomblé tem seus fundamentos nos orixás africanos mas não é uma religião africana e sim brasileira, mas a minha verdadeira paixão dentro das religiões de origem afro é a Umbanda. Uma religião bem brasileira, a cara do nosso povo. Uma mistura, um pouco do catolicismo, um pouco do espiritismo, um pouco de candomblé e temos a umbanda. A religião que mistura o melhor de todas essas citadas. Quem realmente conhece a umbanda não tem como não se apaixonar. Mesmo que não a veja como religião, se apaixona. Pode ser dado o nome que quiser: cultura, folclore, teatro. Sei lá. A beleza da religião é indiscutivel. Uma religião que acredita no amor a cima de todas as coisas, que acredita que um Deus foi responsável pela criação, que os orixás são as forças da natureza e que cada orixá desses é representado na forma de algum santo. Que acredita na cura pelas plantas(através dos caboclos), na humildade(pretos velhos), força e seriedade(exus), na paixão(pombas-gira), alegria(Ibejis) e em tantas outras coisas representadas por outras linhas não tão conhecidas. Nunca escondi minha paixão pela Umbanda. Mas ultimamente tenho sentido um pouco de dúvida e receio a respeito dos médiuns da Umbanda. São tantas coisas a se pensar, será que eles realmente estão com um guia espiritual do lado? Será que não é fingimento? Será que não é nenhuma parte do cérebro que não era "usada" se manifestando naquele momento? Pois é. Apesar de toda minha paixão pela umbanda minha fé anda meio abalada, mas como dizem nossos guias, se deve crer para ver e não o contrário.
Sinto muita falta de uma boa gira de Umbanda, da Umbanda verdadeira. Nada de candomblé de caboclo, Cabinda ou Umbandas Cruzadas. Sinto falta daquele centro de Umbanda que nunca conheci. Onde a vaidade não existe, dinheiro é apenas doação e teatro é do lado de fora. Onde anda a verdadeira Umbanda?
Sou muito crítico em relação as religiões, portanto prefiro nem falar sobre o Batuque e o Candomblé, como diz uma velha batuqueira que eu conheço "Antigamente durante o chão, nós dormiamos em esteiras", hoje durante o período de chão(o período em que se deve estar em contato direto com o Orixá) pode-se até sair de casa. Onde estão os fundamentos da religião? Estão se perdendo... Lamento que a beleza das religiões estejam se tornando apenas contemplar o bonito fardamento de alguns "médiuns" que não tem nem o que comer, mas tem uma bela bata e um lindo saião.
Hoje, afastado de qualquer centro religioso tenho minha própria fé, um misto de umbanda e kardecismo. Leio livros espíritas, creio nos meus amados guias e rezo para que eu encontre um lugar ideial para que eu possa ser útil ajudando o próximo, mesmo que seja da maneira mais simples. Ajudar na limpeza, na contabilidade, nos atabaques. Qualquer uma dessas coisas me fariam uma pessoa melhor.

Um comentário:

  1. O problema é que vivemos em um mundo capitalista que gira em torno do belo no sentido de beleza abstrata, superficial, fútil. Em torno do dinheiro, que muitas vezes não existe. Em torno da vaidade. Todos os valores estão se perdendo e se corrompendo, ouso em dizer, pelo simples motivo de hoje o dinheiro fazer mais parte de nossas vidas, do que nossas vidas propriamente ditas.

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